A escolha de Mangaratiba como palco do Festival de Artes e Saberes das Águas (FASA) é uma celebração natural do profundo diálogo entre o território e as águas. Em Mangaratiba, o sol literalmente brinca com o mar. O pôr do sol de Mangaratiba, refletido nas águas de forma única, é um dos grandes motivos pelos quais escolhemos essa cidade. Não por acaso, essa paisagem já foi eternizada no cinema brasileiro pelo filme “Limite”, de Mário Peixoto. Considerado uma das primeiras e mais emblemáticas obras do nosso cinema, “Limite” abre com a imagem do mar de Mangaratiba, capturando essa relação entre o brilho do sol e o mar como uma metáfora poética e visual que ressoa até hoje.

 

Além disso, Mangaratiba não é apenas cenário, mas também substância viva na cultura das águas. Seus artesãos e artistas trazem o reflexo das águas para o cotidiano, em obras e ofícios que traduzem a identidade local. Não é raro encontrar na produção artesanal de Mangaratiba referências ao mar, aos rios e às tradições que se entrelaçam com as águas que moldam a região. Esse elo é também musical: a cidade foi lar de Humberto Teixeira, parceiro de Luiz Gonzaga, e na letra da música “Mangaratiba” encontramos a presença das águas como parte do imaginário cultural.

 

O FASA, ao escolher Mangaratiba, reconhece essa riqueza cultural onde o sol, o mar e a história se encontram. Aqui, as águas são tanto inspiração quanto cenário, e o festival se torna uma extensão dessa narrativa que honra a cultura das águas. Mangaratiba, com seus mares e rios, com sua economia marcada pela vida que corre em torno das águas, oferece o palco perfeito para que o FASA celebre, mais uma vez, essa fonte inesgotável de memória, identidade e vida.